Os moliceiros e as suas características
O moliceiro destinou-se na sua origem à apanha e transporte do moliço, produto de grande valor económico para fertilizar as terras.
A apanha do moliço foi primitivamente exercida pelos agricultores.
Mais tarde criou-se a profissão de moliceiro que passou a ser fornecedor do agricultor em virtude da expansão agrícola que exigia maior produtividade. O moliço é utilizado como fertilizante na transformação dos terrenos arenosos e improdutivos, em excelentes terras de cultura.
O comprimento total do moliceiro ronda os 15 metros, medindo de boca 2,50 metros.
Navega facilmente em pouca altura de água. É construído de madeira de
pinheiro e resiste em média doze anos de serviço.
O castelo da proa é coberto e fechado com porta e chave, serve de câmara de tripulantes e paiol de mantimentos. A cobrir as duas primeiras cavernas de água, há um estrado ao mesmo nível do piso da câmara, que tem a função de lareira e onde os tripulantes preparam e comem as refeições. Os meios de propulsão do barco moliceiro são a vela, a vara e a sirga.
A vela é geralmente de lona, içada num mastro de altura aproximada de 8 metros.
O meio de propulsão da “vara” é de 4 a 6 metros de comprimento, que firmam no fundo dos canais e empurram a peito, em repetidos percursos, desde a proa até próximo da ré.
A “sirga” é um cabo de sisal, ou nylon que se utiliza na passagem dos canais mais estreitos ou junto às margens, sempre que o barco navega contra a corrente ou contra o vento.